O Discurso da Fome e a Estratégia de Massa no Governo Lula: Uma Análise Sociológica e Psicológica

Desde 2005, o combate à fome tem sido um dos pilares do discurso político do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa narrativa, amplamente divulgada em campanhas eleitorais e políticas públicas, é uma estratégia que toca em aspectos fundamentais da sociologia e psicologia de massa, além de dialogar diretamente com as necessidades humanas descritas na Pirâmide de Maslow. Mas como essa abordagem é usada para consolidar poder e mobilizar apoio popular?

A Fome como Elemento Sociológico e Estratégico

No Brasil, a fome é uma realidade para milhões de pessoas, especialmente em regiões mais pobres. Abordar esse problema como prioridade política é, sem dúvida, necessário. No entanto, a repetição do discurso desde 2005 levanta questões sobre como ele é utilizado estrategicamente.

Sociologia de Massa:
De acordo com teóricos da sociologia, a formação de massa política depende de um elemento comum que una os indivíduos em torno de uma causa. A fome é um tema universalmente reconhecido e emocionalmente poderoso, que conecta pessoas de diferentes contextos sociais e econômicos. Ao adotar essa narrativa, o governo cria uma sensação de pertencimento entre os mais pobres, ao mesmo tempo em que legitima seu papel como “protetor” dos vulneráveis.

Essa abordagem reforça a imagem de um líder próximo ao povo, criando um vínculo emocional que transcende questões de políticas públicas concretas. Mais do que um problema a ser resolvido, a fome torna-se um símbolo da missão do governo.

Psicologia de Massa e a Pirâmide de Maslow

A Base da Pirâmide:
A Pirâmide de Maslow, uma teoria clássica da psicologia, divide as necessidades humanas em cinco níveis hierárquicos. A fome está na base, no nível das necessidades fisiológicas, junto com itens essenciais como água e abrigo. Segundo Maslow, enquanto essas necessidades básicas não forem atendidas, as pessoas não conseguem focar em outras questões mais elevadas, como segurança, autoestima ou realização pessoal.

Psicologia de Massa:
Líderes políticos frequentemente utilizam temas que abordam as necessidades primárias da população para construir apoio de massa. A fome, sendo uma necessidade tão essencial, desencadeia reações emocionais imediatas, como empatia e medo. Esse apelo emocional é uma ferramenta poderosa para mobilizar as massas e consolidar apoio, já que cria a percepção de que o governo está atuando para resolver o problema mais urgente de suas vidas.

Ao focar no combate à fome, o governo Lula consegue manter grande parte da população em um estado psicológico de dependência e gratidão, o que dificulta críticas mais profundas sobre outras áreas negligenciadas, como educação, segurança ou infraestrutura.

Os Desdobramentos dessa Estratégia
1. Mobilização Popular:
A fome é um tema que transcende diferenças políticas e econômicas, unindo as massas em torno de um objetivo comum. Isso facilita a construção de uma base de apoio sólida, especialmente entre as classes mais pobres.
2. Desvio de Foco:
Ao manter o foco nas necessidades fisiológicas, o governo reduz a atenção para questões de níveis superiores na pirâmide, como segurança, acesso à educação de qualidade e oportunidades de realização pessoal. Assim, mantém-se um discurso simplificado e emocional, que evita debates complexos.
3. Ciclo de Dependência:
Programas assistencialistas, como o Bolsa Família, cumprem um papel importante no alívio imediato da fome, mas também perpetuam a dependência de políticas públicas, criando um ciclo em que a resolução completa do problema não é prioridade, pois isso poderia enfraquecer o vínculo emocional entre governo e povo.

A Dualidade Moral da Estratégia

É importante reconhecer que o combate à fome é uma questão urgente e moralmente inegável. No entanto, a estratégia de manter o discurso focado exclusivamente nessa temática desde 2005, sem atacar problemas estruturais que perpetuam a pobreza, levanta questionamentos éticos.

A ausência de políticas que busquem emancipar os indivíduos e permitir que eles avancem na pirâmide de Maslow para necessidades mais elevadas — como autonomia financeira, segurança e realização pessoal — sugere que a fome, além de um problema a ser combatido, também é um recurso estratégico para consolidar poder.

Conclusão

O discurso da fome no governo Lula representa um exemplo clássico de como lideranças políticas podem utilizar a sociologia e a psicologia de massa para construir e manter apoio popular. Embora o combate à fome seja essencial, o foco excessivo em questões básicas pode ser uma ferramenta de controle, impedindo que a população avance para níveis mais elevados de desenvolvimento social e pessoal.

Para romper com esse ciclo, é necessário ampliar a discussão para temas estruturais, promovendo um desenvolvimento que permita ao Brasil superar não apenas a fome, mas também os outros desafios que ainda mantêm milhões de pessoas presas na base da pirâmide.

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Jairo Santos

Formado em gestão pública, Master Coach e especialista em Desenvolvimento Humano.

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